A síndrome do impostor é mais comum em pessoas com profissões mais competitivas ou que têm avaliações constantes, além de jovens no início de carreira. No entanto, a síndrome pode ser desenvolvida por qualquer pessoa em qualquer idade.
Em uma entrevista para a revista Rookie, Emma Watson, a atriz que interpreta a personagem Hermione nos filmes do Harry Potter e que também é embaixadora da Boa Vontade da ONU mulheres, descreveu como se sente afetada pela síndrome do impostor: “É como se quanto melhor eu me saio, maior é meu sentimento de inadequação e que, em qualquer momento, alguém irá descobrir que eu sou uma fraude e que eu não mereço nada do que eu conquistei”.
As pessoas que sofrem desse fenômeno não creditam seu sucesso a habilidades pessoais, inteligência ou capacidade. Para elas, o sucesso acontece devido a sorte, contatos ou outros fatores.
O termo síndrome do impostor é popularmente mais conhecido. Porém, a síndrome não é caracterizada como uma doença, por isso o termo “fenômeno” é mais indicado e foi criado pelas psicólogas americanas Pauline Rose Clance e Suzanne Imes, em 1970, para designar os casos de pessoas com o fenômeno do impostor.
Por que a síndrome do impostor afeta mais as minorias?
Segundo informações do Nexo Jornal, mulheres e outras minorias sociais são mais afetados pela síndrome do impostor. A pressão de ser a primeira mulher ou uma das poucas mulheres a alcançar determinado sucesso ou realização pode influenciar no desenvolvimento da síndrome. Isso também se aplica a pessoas negras e LGBTQI+.
No caso das mulheres, a construção social em uma sociedade que ainda é machista pode ser prejudicial quando elas entram no mercado de trabalho. Infelizmente, as mulheres encontram mais barreiras para alcançar sua ascensão profissional e precisam provar suas capacidades mais vezes que os homens.
Outro fator, que é fruto das construções de gênero, é o sentimento de reconhecimento. Homens reconhecem mais seu sucesso e suas habilidades. Já as mulheres, geralmente, pensam que seu sucesso é devido a outros fatores que não estão relacionados a suas habilidades pessoais.
Além disso, a imagem que a maioria das pessoas possui de um líder ainda tem características masculinas. Uma pesquisa realizada pela psicóloga Isabel Cuadrado, da Universidade da Alméria na Espanha, demonstra como as pessoas consideram estereótipos masculinos ao pensar em um líder.
Ela entrevistou 115 homens e 80 mulheres e perguntou o que é mais importante em um líder baseado em estereótipos masculinos e femininos. Os estereótipos masculinos foram os mais indicados pelos entrevistados. As informações da pesquisa foram divulgadas pela Exame.
Todos esses fatores podem influenciar no desenvolvimento da síndrome do impostor e da ascensão da mulher no mercado de trabalho.
Como identificar a síndrome do impostor?
Veja abaixo seis características da síndrome do impostor. As pessoas afetadas pela síndrome podem apresentar três ou mais comportamentos:
1. Esforço e perfeccionismo
As pessoas com a síndrome do impostor acreditam que são menos capacitadas que as outras pessoas e, para compensar, trabalham em excesso e são perfeccionistas. É uma forma de justificar o seu desempenho. Porém, esse comportamento causa ansiedade e esgotamento.
2. Sabotagem
Pensar que irá fracassar e que outras pessoas irão desmascará-los é outra característica de pessoas que possuem a síndrome. Mesmo sem perceber, as pessoas que possuem a síndrome podem evitar se esforçar porque, de qualquer forma, o esforço será em vão. Além de diminuir a chance de ser julgado.
3. Procrastinação
Deixar trabalhos e compromissos para a última hora e levar o máximo de tempo para realizar tarefas pode ser uma maneira de evitar o momento de ser avaliado ou julgado por outras pessoas.
4. Evitar exposição
Escolher profissões que exigem menos exposição é uma maneira de evitar avaliações e julgamentos. As pessoas com a síndrome preferem fugir de situações nas quais existem chances de serem avaliados.
5. Fazer comparações
Fazer comparações com os outros e se achar inferior é uma das principais características da síndrome. A pessoa pode pensar que nunca é suficiente bom em relação aos outros.
6. Busca aprovação
Tentar agradar a todos é uma maneira de buscar aprovação das pessoas, já que quem possui a síndrome não acredita nas suas próprias capacidades.
Fonte: TuaSaúde.
É importante ressaltar que pessoas com síndrome do impostor ainda podem apresentar sintomas de ansiedade e depressão.
Como o tratamento da Síndrome do Impostor é realizado?
Você se identificou com alguma das características listadas acima? Então, é recomendado procurar ajuda psicológica. Além disso, existem atitudes que podem ajudar no tratamento:
- Converse com amigos. Falar sobre isso pode ajudar a encontrar outras pessoas que também sofrem com a síndrome. Assim, o sentimento de estar sozinho pode diminuir.
- Lembre-se das suas conquistas e qualidades.
- Entenda que o fracasso e as falhas podem acontecer em qualquer momento e tente aprender com eles.
- Procure mentores para conselhos e desenvolvimento das competências pessoais.
- Pare de se comparar e respeite as próprias limitações. Não tente estabelecer metas que não consegue cumprir.