Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem dois milhões de pessoas com autismo no Brasil. Estima-se que uma a cada 160 crianças em todo o mundo tenha o transtorno.
O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um transtorno do neurodesenvolvimento que tem como características principais a dificuldade de comunicação e de interação social.
Quando a criança tem um grau mais baixo do transtorno, às vezes, não é simples notar que há algo de diferente em seu comportamento.
Por isso, é preciso estar bem atento a pequenos sinais para garantir um diagnóstico precoce.
O diagnóstico precoce é fundamental nos casos de autismo
A neurociência e os estudos sobre o desenvolvimento humano mostram que o cérebro humano tem mais plasticidade, ou seja, mais capacidade de se reorganizar quanto mais jovem ele for.
Com base nisso, a neuropediatra Anna Elisa Scotoni, médica responsável pela coordenação clínica na ADACAMP (Associação para o Desenvolvimento dos Autistas em Campinas), ressalta a importância do diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista.
“Quanto mais cedo for observado que a criança tem uma deficiência ou tem um atraso no seu desenvolvimento, mais cedo será a intervenção e, assim, maior será a chance dela se recuperar”, afirma.
Doenças que têm “marcadores” como, por exemplo, a Síndrome de Down, são mais fáceis de serem diagnosticadas. Marcadores são indícios nítidos de uma deficiência. No caso do autismo, não existem esses marcadores.
O diagnóstico é feito basicamente por meio da observação do comportamento. E, para identificar uma deficiência psicossocial, a criança precisa estar na fase em que vai desenvolver habilidades específicas, como, por exemplo, a linguagem. A partir da linguagem pode-se avaliar as funções mentais.
“A linguagem é, além de uma questão motora, uma questão de organização de pensamentos também. Dizer a palavra certa na hora certa exige conhecimento além do motor.
Não é só falar, aliás, as crianças com autismo às vezes falam, mas não se comunicam. Elas repetem a última palavra, se você diz: “filho, você quer passear?”, ele responde: “qué passeá, qué passeá”, mas ele não quer dizer que quer passear, a gente que interpreta, mas na verdade ele está apenas repetindo”.
Muitas vezes, a criança tem a capacidade de falar, que é uma habilidade motora, mas não conta com a organização do pensamento”, explica Anna,
De olho no desenvolvimento infantil
Cada fase de desenvolvimento da criança deve ser observada com atenção: imitar sons, montar frases, chamar pela mãe, atender ao próprio nome.
Se a criança não está fazendo o que deveria fazer para determinada idade, é preciso verificar o porquê.
Antes de chegar ao ponto de notar que a criança não está falando quando deveria estar, certamente a criança já apresentou outros atrasos no desenvolvimento da fala que poderiam ter sido notados.
“A primeira reação da família a algum atraso costuma ser de negação, ‘ah, não deve ser nada, ele vai falar, o pai dele falou mais tarde’. Tem uma justificativa para esse atraso e aí vai perdendo-se tempo”, alerta a neuropediatra.
Diagnóstico de autismo
Quando diagnosticado o transtorno, o ideal é que a intervenção ocorra o quanto antes. Muitas vezes, o diagnóstico acontece cedo, mas há limitações para que a intervenção comece.
“Não adianta fazer o diagnóstico e não fazer a intervenção, não levar para fonoaudióloga, terapia…Nós temos 300 crianças na fila de espera da ADACAMP, estão diagnosticadas, mas e a intervenção?
Na ausência de um acompanhamento completo, as famílias acabam buscando pelo menos algum tipo de intervenção, como terapeuta ocupacional no centro de saúde, uma fonoaudióloga em uma faculdade, terapias em grupo.”
Em alguns casos, o diagnóstico precoce não acontece porque o grau é leve. Nesses casos, não há alterações tão relevantes no comportamento da criança, o que impede de ser diagnosticada.
A coordenadora da ADACAMP, Ilsa Regina Faustino, cita um exemplo existente na associação. “Nós temos um caso aqui na ADACAMP de uma mãe que é psiquiatra e tem um filho que foi diagnosticado tardiamente.
Na verdade, ele se autodiagnosticou com quase 20 anos. O autismo era leve. Ele é muito inteligente, porém na vida prática tinha dificuldades, como no trabalho.
Ele prestava concurso e passava, mas nas relações com as pessoas havia muita dificuldade”, conta.
Os impactos na vida pessoal de quem sofre com o transtorno
O indivíduo que tem uma deficiência leve e não foi diagnosticado precocemente provavelmente só vai sentir algum impacto na vida pessoal quando for exigido dela uma complexidade maior nas relações.
“O ensino fundamental, por exemplo, é um outro mundo do ponto de vista social ou a adolescência ou quando vai casar, são coisas que exigem uma habilidade social muito maior.
Quando é um grau leve, não tem como notar sintomas na educação infantil, no parquinho… É mais difícil perceber porque as tarefas são simples”, afirma a neuropediatra.
O Transtorno do Espectro Autista não tem cura e o tratamento para o autismo é feito com médicos, terapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos e fisioterapeutas.
Com o diagnóstico e a intervenção precoces as chances de melhora nos sinais de autismo são altas.
Excelente esse texto, deu pra mim esclarecer muita coisa.
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