A campanha Julho Amarelo marca o mês de conscientização das hepatites virais que, em alguns casos, são doenças silenciosas piorando o quadro e dificultando o tratamento.
Dados do Ministério da Saúde, mostram que o Brasil registrou mais de 40 mil casos novos de hepatites virais em 2017. O Boletim Epidemiológico 2018 do Ministério da Saúde também informa que a doença mais do que dobrou em homens de 20 a 39 anos.
Além disso, 1.083.000 pessoas tiveram contato com o vírus da hepatite, o que representa 0,71% da população. 60,7% delas, 657 mil, são elegíveis para tratamento, ou seja, têm vírus circulante no sangue. A maior concentração dos casos está na população com mais de 40 anos de idade.
O que é a hepatite?
Inflamação do fígado, a hepatite pode ser causada por vírus, utilização de medicamentos, drogas e álcool e por doenças autoimunes, metabólicas e genéticas.
Aqui no Brasil, os tipos mais comuns são causados pelos vírus A, B e C. Por ser, na maioria das vezes, assintomática, há um grande risco da enfermidade evoluir e tornar-se crônica, causando riscos graves à saúde como cirrose e câncer. Por isso, é imprescindível ir ao médico com frequência para realizar os exames de rotina.
Quando há sintomas, eles incluem: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Transmissão das hepatite virais
Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão das hepatites virais se dá por:
- Fecal-oral: fatores precários de saneamento básico e água, higiene pessoal e alimentos (hepatites A e E – relatado esporadicamente no Brasil);
- Contato com sangue: por meio de compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam (vírus B, C e D – esse último tipo é mais usual na região norte do país. Para ocorrer a infecção é necessário a presença do vírus tipo B);
- Transmissão vertical: é possível de ocorrer durante a gravidez e o parto (hepatites B, C e Delta);
- Transmissão sexual: relação sexual desprotegida (hepatites A, B, C e Delta).
Tratamento das hepatites virais
No caso da hepatite C, quando o tratamento é feito da forma correta, há chance de cura em mais de 90% dos casos. Os tipos B e D também são capazes de serem controlados evitando a evolução para cirrose e câncer. Já a hepatite A é considerada uma patologia aguda e, segundo o Ministério da Saúde, o tratamento é realizado com dieta e repouso. Vale lembrar que todas as hepatites virais precisam ser acompanhadas por um profissional de saúde. Não se esqueça!
Hepatites virais e o público LGBTI+
Em 2017 tivemos um surto de hepatite A entre homens gays e bissexuais, mas isso não quer dizer que a preocupação em prevenir a doença deve ficar adormecida. Como a transmissão desse tipo do vírus é por via fecal-oral, todo cuidado ao fazer sexo oral-anal é pouco. A maioria dos casos registrados foi por via sexual em homens com idade entre 20 e 39 anos, de acordo com dados do MS/SVS/Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais.
Algumas dicas para a prática segura:
- Lavar bem o ânus com água e sabão após evacuar;
- Lavar bem o ânus e o pênis antes e depois da prática sexual;
- Fazer o “cunete” com um filme plástico ou até cortar uma camisinha ao meio usando-os como barreira;
- Utilizar luvas para “dedar” ou “fistar”, lembrando sempre de lavar as mãos após o ato.
Prevenção das hepatites virais
A vacinação está disponível contra os tipos de hepatites virais A e B. A vacina para o tipo B também protege contra o vírus D. Todas estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Já para as demais formas de hepatites, o tratamento é indicado pelos médicos e não há vacinas.
Segundo a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS Brasil), outras medidas podem evitar a transmissão das hepatites virais:
- Usar camisinha em todas as relações sexuais;
- Sempre exigir materiais esterilizados ou descartáveis em estúdios de tatuagem e de piercings;
- Não compartilhar materiais ao fazer as unhas dos pés e das mãos;
- Não utilizar lâminas de barbear ou depilar de outras pessoas;
- Não compartilhar agulhas, seringas e equipamentos para drogas inaladas.
Agora que você já está por dentro das informações principais sobre as hepatites virais, ajude a divulgar a campanha Julho Amarelo. E fique ligado aqui no d/propósito que ao longo do mês teremos mais matérias sobre o tema.
Para você que está no Estado de São Paulo, fique atento: várias atividades serão feitas em comemoração ao Julho Amarelo por iniciativa da Secretaria Estadual da Saúde e dos municípios. Nesse ano, a proposta da campanha envolve testagem para hepatite C focada nos maiores de 40 anos bem como aconselhamento para todos e encaminhamento para realização de exames e tratamento se indicado nos casos positivos. Confira a agenda: