Nas últimas semanas um burburinho começou a eclodir em ritmo crescente nas redes sociais e sites de notícia após a divulgação do anúncio do primeiro processo seletivo exclusivo para admissão de trainees negros pelo Magazine Luiza.
De um lado, usuários elogiaram a iniciativa, vista como uma forma efetiva de corrigir a desigualdade racial no mercado de trabalho brasileiro, em que negros (pretos e pardos) ocupam somente 30% dos postos de chefia, apesar de serem mais da metade da população, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda assim, houve os que consideraram a ação crime de “racismo” – sim, acredite! O termo racismo reverso também chegou a ser citado para criticar a atitude tomada pela rede varejista.
Extrema direita alega racismo reverso
A ação afirmativa do Magazine Luiza parece ter gerado um grande incômodo na extrema direita. Além de inúmeras críticas, teve quem fosse mais longe. É o caso do deputado federal e vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Carlos Jordy (PSL-RJ), que entrou com uma representação junto ao Ministério Público para apurar crime de racismo. “Se esse processo seletivo for aceito como está, será a legalização do racismo no Brasil”, diz Jordy. “O branco hoje sofre preconceito”, afirmou o parlamentar em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan.
O racismo reverso não existe
Primeiro ponto essencial dessa leitura é afastar de uma vez por todas que o racismo reverso existe. Estamos tratando aqui de desigualdade racial, desigualdade essa que é fruto de uma história marcada por segregação, genocídio de pessoas negras e falta de políticas públicas que equilibrassem de maneira eficiente o cenário frente às desvantagens da população preta e parda.
Protestar em favor da ideia do racismo reverso é deliberadamente desconhecer, ou encenar desconhecer, a história não só do Brasil, mas do mundo. E para quem ainda acredita que talvez se trate do famigerado vitimismo, uma pesquisa do Instituto Ethos com as 500 empresas de maior faturamento do Brasil aponta que os negros são de 57% a 58% dos aprendizes e trainees, mas na gerência, eles são 6,3%. No quadro executivo, a proporção é ainda menor: apenas 4,7% são negros. Vale lembrar que esses são apenas alguns dos inúmeros dados que ressaltam a desigualdade enfrentada por negros na conquista de oportunidades justas.
Programa de Trainee da Magalu recebe inscrições até outubro
Se você é um profissional negro, com formação entre dezembro de 2017 e dezembro de 2020, pode participar do processo seletivo de Trainee do Magazine Luiza. Não serão exigidos conhecimentos em inglês nem experiência profissional, e podem participar graduandos de qualquer área.
A seleção está disponível para candidatos de todo o país, desde que tenham disponibilidade para se mudar para São Paulo. Caso o selecionado seja de fora da cidade, receberá um auxílio-mudança. Os interessados podem se inscrever clicando aqui.
Nos falamos em breve!