Preconceito. Ele também está presente quando se fala nos casos de hepatites virais por mais incrível que pareça. A pesquisa ESTIGMA E DISCRIMINAÇÃO NAS HEPATITES VIRAIS – A VOZ DO PACIENTE”, coordenada e executada pelo Grupo Otimismo de Apoio a Portadores de Hepatites e com participação do Departamento DST/AIDS/HEPATITES do Ministério da Saúde, mostrou dados que corroboram esse triste quadro. Entre os 1.217 entrevistados infectados com hepatites B ou C (Europa e Américas) entrevistados:
- 49,6% dos infectados sofreram algum tipo de discriminação;
- Dos 94,1% que informaram à família da infecção, 24,6% afirmaram que membros da família passaram a evitar o contato físico;
- Dos 73,7% que informaram aos amigos, 46,9% afirmaram ter passado a sofrer discriminação e 23,8% deixaram de ser convidados para eventos e reuniões;
- Dos 46,1% que informaram sua condição aos colegas de trabalho, 10,1% foram demitidos;
- Dos 57,4% que informaram ao parceiro afetivo, 33,3% tiveram a vida afetiva afetada.
Para Cecilia Melo Rosa Tavares, psicóloga da Cia. da Consulta, mesmo com o grande acesso que se tem a informação atualmente, ainda existem dúvidas e faltam dados corretos a respeito da transmissão, prevalência, incidência, tratamento e os efeitos colaterais das hepatites virais. “Nem sempre as informações que são recebidas estão corretas e, no caso da hepatite, por se tratar de uma doença que pode, entre outras formas, ser transmitida por via sexual, esse preconceito aumenta”, adiciona.
Hepatites virais: os impactos da discriminação na qualidade de vida
Cecilia explica que receber o diagnóstico de uma doença pode, em muitos casos, afetar diversas áreas da vida de uma pessoa, ocasionando mudanças físicas, nas relações sociais e familiares, no âmbito profissional e na autoimagem. Tratando-se de uma infecção por vírus, há ainda o enfrentamento do preconceito e o medo da infecção.
“Assim, os impactos da discriminação dificultam esse momento de elaboração e aceitação do diagnóstico, podendo gerar no paciente inúmeros efeitos negativos, como medo de se relacionar e isolamento, piora da autoestima e da autoimagem e, principalmente, a recusa em aderir ao tratamento, piorando seu estado geral de saúde”, alerta Cecilia.
Combatendo o preconceito
De acordo com a psicóloga Priscilla Gianneschi Navarro, a informação é a grande chave para mudar esse quadro. “Psicoeducar a sociedade com as medidas preventivas e paliativas mune com segurança ao invés de dúvidas – o que favorece o agir com consciência individual e interpessoal”, ensina.
Já para os pacientes acometidos pela doença, Priscilla informa que, se for confortável, eles podem sim expor suas dores e seus prazeres relacionados ao diagnóstico. “Mas, caso contrário, é importante procurar orientação tanto em grupos de apoio como em psicoterapia individual para desenvolver ferramentas que façam conviver e ressignificar o diagnóstico e suas implicações”, finaliza Priscilla.
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